No curto prazo, porém, os efeitos só devem ser sentidos para serviços contratados com pouca antecedência, poupando empresas que já têm contratos firmados para o longo prazo Foto: Divulgação
O frete marítimo pode ficar entre 5% e 10% mais caro até o fim deste ano. O risco foi apontado em uma análise produzida pela empresa de logística MTM Logix e divulgada ao mercado na última semana. A avaliação é de que os resultados operacionais do final de 2023 devem resultar na racionalização da capacidade das embarcações, impulsionando as taxas de frete. No curto prazo, porém, os efeitos só devem ser sentidos para serviços contratados com pouca antecedência, poupando empresas que já têm contratos firmados para o longo prazo.
"Nos três primeiros meses deste ano, o desafio será a disponibilidade de contêineres, que deverá ser o principal ponto de pressão para o aumento das tarifas. Estima-se um aumento na demanda de cerca de 9,3% contra uma capacidade de transporte de 2,2%", afirma Mario Veraldo, CEO da MTM Logix.
Somado à cautela em razão dos resultados dos últimos meses, a escassez de contêineres deve ser acelerada pelas restrições de navegação no Canal de Suez em razão dos conflitos no Oriente Médio. Segundo estimativas da empresa, 10% dos contêineres do mundo passam pela rota do Mar Vermelho. No caso do Brasil, a rota é importante para as exportações de carne para os países do Oriente Médio.
Com a necessidade de que os navios naveguem por maiores distâncias, os contêineres ficam mais tempo em uso. Além disso, há ainda tensão sobre questões como a sobretaxa de combustível e congestionamentos e adicionais de portos.
No último levantamento do tipo publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em 2022, o aumento do preço do frete foi considerado o principal problema nos negócios para 90% das empresas com operações de comércio exterior. Assim, há sinalização de cautela para as consequências das oscilações previstas.
No começo de 2024, uma tentativa de ataque a um navio da Maersk fez o preço do frete disparar. As taxas de transporte da Ásia para o Norte da Europa atingiram mais de US$ 4 mil por contentor de 40 pés, no último dia 4, ante os valores da semana anterior, de acordo com dados da plataforma Freightos, voltada a reservas e pagamentos para frete internacional.
Se estes conflitos e restrições persistirem, a perspectiva é de mudança nos padrões de serviço. Os setores que lidam com mercadorias a granel, produtos de consumo e eletrônicos devem ser os mais afetados. "No entanto, fazer previsões definitivas é um desafio, precisamos aguardar mais sinais do cenário geopolítico, que está em evolução", diz Veraldo.
Para a cabotagem, que é a navegação nacional entre os portos, a pressão pela falta de contêineres deve ser sentida em menor grau. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), Luís Fernando Resano, explica que o modelo dos contratos já firmados poupa o setor de efeitos imediatos. "É somente se tiver persistência desses valores. Mas é muito mais demorado que o que ocorre com o longo curso".
Fonte: A Tribuna
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