Foto: Gmbsfd – Wikimedia Commons
O severo lockdown que está em vigor em Shanghai desde o fim de março começa a ampliar os impactos na logística global: já tem armador começando a informar os clientes sobre omissões nas escalas na metrópole chinesa – que abriga o porto com a maior movimentação de containers do mundo.
Em um comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira (11), a Maersk informa “…que diversos navios irão omitir Shanghai”. (No jargão da área, “omitir” significa que um navio não irá cumprir uma escala em previamente programada para determinado porto, normalmente por restrições operacionais).
Aliás, esse mesmo comunicado traz uma boa atualização sobre como está a situação por lá, em termos logísticos. “Devido aos impactos do lockdown, temos visto um grande aumento na ocupação dos pátios com reefers e containers com cargas perigosas”, diz o armador dinamarquês. Clique aqui para ler o comunicado na íntegra (em inglês).
Conforme já publicamos aqui na semana passada, as atividades portuárias foram consideradas essenciais e continuam em funcionamento em Shanghai; apesar disso, armazéns, fábricas e postos de coleta de vazios estão fechados, e há dificuldades para a circulação de caminhoneiros. Tudo isso impacta diretamente no fluxo e escoamento de containers da China para outras partes do mundo. Entenda melhor neste post.
Ainda na última sexta-feira (08), CMA CGM, Hapag-Lloyd e MSC soltaram notas oficiais informando que o porto de Shanghai já não estava mais aceitando a descarga de reefers cheios por falta de tomadas para conectá-los.
Uma matéria do site American Shipper mostra como o tempo de estadia dos containers de importação nos terminais de Shanghai aumentou cerca de 75% desde o início do lockdown, chegando a oito dias em média – basicamente, porque há poucos caminhões disponíveis para irem buscá-los. Por outro lado, o tempo de estadia dos containers de exportação foi bastante reduzido (provavelmente porque há bem menos unidades chegando carregadas dos armazéns).
Esta matéria no site britânico The Loadstar traz a visão de alguns experts da área mostrando que os efeitos provocados pelo lockdown em Shanghai ainda devem demorar mais algumas semanas até chegar aos mercados ocidentais e suas cadeias de suprimentos.
Bom, aqui estamos falando estritamente sobre as questões logísticas dessa questão toda; a cobertura mais ampla a respeito do lockdown e suas implicações sociais e humanas (que, pra mim, são mais importantes), eu deixo para os veículos grandes – mas vale ressaltar que a política de tolerância zero das autoridades chinesas contra a Covid aparentemente está começando a deixar a população frustrada e cansada. E, mesmo com medidas bastante rígidas, cerca de 23 mil novos casos foram detectados na metrópole no último sábado (09).
Fontes: Container Diário
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