A busca por eficiência e modernização são condições para o Porto manter seu histórico de liderança e relevância mundial
Com 162 milhões de toneladas movimentadas no ano passado, alta de 10,5% sobre 2021, e 5.202 navios atracados, um aumento de 7,1% no mesmo período de comparação, o Porto de Santos, atinge uma consolidação indiscutível da liderança nacional, mas com os desafios impostos pelas transformações da economia. A começar pelo impacto das novas tecnologias e do uso de energias limpas, lembrando que regras para reduzir o impacto das mudanças climáticas deverão ter influência crescente no complexo portuário.
A comemoração dos 131 anos do Porto, hoje, é uma oportunidade para discutir tais soluções para o cais santista, cujo modelo de desenvolvimento de sua gestão passa por momento decisivo. Da ideia de privatização no governo anterior, o presidente Lula optou pelo controle estatal, lembrando que as operações já estão 100% nas mãos do setor privado há duas décadas, como afirmou o engenheiro e consultor Frederico Bussinger no caderno 131 anos do Porto de Santos, desta edição.
Fica para o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que tem a vantagem de conhecer a região e os temas que mais preocupam a comunidade portuária, definir como o cais santista vai atrair constantemente recursos para sua melhoria. Em entrevista a A Tribuna, o ex-governador afirma que vai dar prioridade à infraestrutura (ampliar o calado, adequar ferrovia e melhorar acessos ao complexo) e à expansão com sustentabilidade. Ele é enfático ao descartar a privatização e cita o uso de recursos do Porto ou via parcerias público-privadas (PPP, quando não se passa o ativo para o setor privado, mas que pode operá-lo por um prazo limitado com cobrança de tarifas ou remuneração pelo governo).
Trata-se de uma decisão de grande responsabilidade, pois o objetivo é manter um fluxo de recursos para manter o Porto não só atualizado, como pronto para novas funções econômicas. Por exemplo, em novembro, o cais santista recebeu o meganavio APL Yangshan, de 347 metros. O gigantismo das embarcações é uma tendência, assim como a possibilidade do complexo se consolidar como hub port, um concentrador de cargas que as transfere mais tarde para portos menores.
Para isso, é necessário adaptar a infraestrutura e terminais e aumentar o calado (profundidade do canal), uma preocupação antiga da comunidade portuária. Sem esta última condição, as embarcações não podem operar com sua capacidade total – a Santos Port Authority (SPA), gestora do complexo, diz que tem estudos para ampliar o calado de 15 para 16 metros. De qualquer forma, é preciso discutir se o melhor é passar essa atividade toda para o setor privado ou não.
A busca por eficiência nas operações, investimentos em infraestrutura e constante modernização são condições para o Porto manter seu histórico de liderança e relevância econômica mundial e a profundidade do canal é vital para isso – se espera que o novo governo resolva essa questão.
Fonte: A Tribuna
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